domingo, setembro 07, 2008

No centenário de David Oistrakh

O centenário do nascimento do violinista David Oistrakh (1908-1974), que se celebra no próximo dia 30 de Setembro, é para já assinalado com a edição de um triplo CD (supostamente a preço de “amigo”) pela Deutsche Grammophon. Concertos and Encores recorda algumas das suas mais importantes gravações para o catálogo da editora, entre as quais concertos de Mendelssohn, Glazunov ou Prokofiev e pequenas peças para violino de Ravel, Chausson, Ysaye ou Kreisler. O alinhamento inclui também a célebre gravação, registada em Londres em 1961, do Concerto para Violino Nº 1 de Bruch, com Oistrakh a dirigir a Royal Symphony Orchestra, contando com o seu filho Igor como solista. Muitas destas gravações datam de finais dos anos 40 e inícios de 50 e, à excepção do registo londrino de 1961, todas se apresentam em mono. O CD apresenta-as em soberba remasterização sobre as fitas originais. A personalidade do intérprete é notória, aliando um claro domínio técnico e a busca de um sentido de perfeição sob total dedicação à obra, a um calor emotivo evidente, mas nunca teatral.

David Oistrakh foi um dos maiores e mais aclamados entre os grandes violinistas do século XX. Homem de personalidade humilde, dedicou toda a vida à música, tendo sido entre os seus contemporâneos um dos artistas russos com maior exposição em palcos internacionais, sob evidente aprovação do poder soviético que nele viu como que um embaixador das artes. Natural de Odessa, onde começou a aprender a tocar violino e viola com apenas seis anos, mudou-se para Moscovo nos anos 30 para integrar o corpo docente do conservatório. A II Guerra Mundial adiou a sua afirmação internacional. Durante os combates Oistrakh actuou frequentemente junto das tropas na linha da frente, tendo ficado célebre uma apresentação do Concerto para Violino de Tchaikovsky (uma das suas peças de referência) na baixa de Estalingrado durante um bombardeamento da Luftwaffe. Autorizado a viajar depois da guerra, tornou-se presença regular em palcos de todo o mundo, sobretudo depois dos anos 50. Amigo pessoal de compositores como Prokofiev ou Shostakovitch (este último tendo-lhe dedicado dois concertos), foi uma das figuras maiores da música russa do seu tempo.