Ontem, ao mesmo tempo que os canais nacionais "ofereciam" nova manifestação de nostalgia dos anos 80 ou infindáveis reflexões filosóficas sobre remates e afins, um magnífico momento de jornalismo televisivo foi-nos dado a ver pela CNN. Juntando em Washington cinco ex-secretários de estado norte-americanos (Henry Kissinger, James Baker, Warren Christopher, Madeleine Albright e Colin Powell), promoveu-se um debate franco, directo e claro sobre os desafios mundiais que o próximo presidente enfrentará. Moderado por Christiane Amanpour e Frank Sesno, o encontro percorreu o globo, tendo os cinco ex-secretários de estado contribuído com sugestões concretas ao novo presidente em cenários com o Irão, Afeganistão, Iraque, Rússia ou Sudão. Apesar de algumas diferenças de pensamento, houve mais momentos de unanimidade que o esperado, de um geral apoio a negociações com o Irão à necessidade de um reforço de auxílio do Afeganistão. O aquecimento global foi também encarado como preocupação de todos, inclusivamente por James Baker, da administração de Bush (pai), que na altura não assinou os acordos de Quioto. O aquecimento global gerou ainda o momento bom humor do debate. Madleine Albright (segundo mandato de Clinton), ao responder se o aquecimento global era preocupação à escala global, disse que sim, “excepto no Alasca”!... Gargalhada geral, mas com os demais participantes a lembrar que tinha quebrado as regras e aludido às candidaturas... Na verdade falou-se de candidatos pouco depois, quando de fora do palco chega uma questão que pede reflexão sobre o impacte global da eleição de um primeiro afro-americano para a presidência. James Baker, que apoia McCain, foi franco e honesto ao reconhecer que teria evidente impacte (disse em concreto “uma mensagem poderosa”) não apenas no mundo, mas na própria América. Madleine Albright, que apoia Obama, reforçou a ideia lembrando que a eleição do primeiro afro-americano seria uma grande mensagem ao mundo sobre o que a América representa como diversidade e potencial. Colin Powell, que não se manifestou ainda sobre o apoio a nenhum dos candidatos, frisou que não votará em McCain pela velha amizade que os une nem em Obama por negro. E sublinhou que estará atento aos debates, para ouvir questões concretas e não os fait divers que têm feito algum do noticiário da campanha. Uma transcrição integral do debate pode ler-se aqui.
Obama aumenta vantagem
O mais recente estudo de intenções de voto nas presidenciais norte-americanas devolve Barack Obama ao patamar dos 50%, que já havia atingido pouco depois da convenção democrata. Os números traduzem já os efeitos do primeiro debate televisivo entre os dois candidatos.
Barack Obama: 50%
John McCain: 42%