Que vai acontecer (ou não acontecer...) com os próximos Prémios do Cinema Europeu? Ou ainda: como é que as estruturas do cinema europeu pensam — e defendem — os seus lugares mediáticos? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (6 de Setembro), com o título 'Que cinema europeu?'.
Estão a decorrer os preparativos para a cerimónia dos Prémios do Cinema Europeu, este ano a realizar-se em Copenhaga, no dia 6 de Dezembro (informações no site da Academia do Cinema Europeu). Se tudo acontecer como em anos anteriores, os chamados “Óscares” da Europa vão ser apoteoticamente secundarizados pelos meios de comunicação. Vale a pena recordar essa falha crónica, não para “demonizar” esses meios, muito menos para “acusar” a própria Academia. O que está em causa excede a boa vontade seja de quem for, uma vez que passa por dois factores conjunturais: primeiro, a facilidade com que, de um modo geral, as televisões se fazem eco da força promocional da indústria americana; segundo, a ausência de estratégias (legislativas, antes do mais) de quase todos os países europeus (saúde-se a notável excepção da França) para defender a produção própria junto dos seus cidadãos. No meio disto tudo, haverá sempre alguém para vir gritar que a culpa é da “crítica”, o que, como bem sabemos, é a maneira mais cómoda de deixar tudo na mesma.