domingo, setembro 07, 2008

Catástrofes mediáticas

Frank Weston Benson, Outono, 1895
Bem sabemos que a humanidade está a pagar uma dívida pesada pelo modo como não tem sabido defender o seu próprio planeta. Não somos estúpidos e temos a noção de que as questões ecológicas estão, e estarão, em todas as agendas políticas deste nosso cruel século XXI. Além do mais, conhecemos o significado da palavra solidariedade e somos sensíveis aos dramas dos que são afectados por violentos fenómenos naturais.
Dito isto, importa perguntar: porque é que a catástrofe passou a ser uma especialidade, não apenas de apresentadores de telejornal que cultivam a pose de mensageiros do apocalipse, mas de todo um estilo mediático que transforma o mais pequeno sinal de instabilidade em premonição diabólica?
Que venha vento e chuva, sim. Mas não nos massacrem todos os dias com "alertas" de todas as cores... Sentir tornou-se um luxo. Sentir seja o que for face à frondosa pluralidade da matéria. Já ninguém sabe olhar à sua volta e dizer que está a chegar o Outono?