Em termos de produção, A Guerra dos Clones é um jogo de video (primeira versão de 2002) e um filme (que antecipa uma série de televisão com o mesmo título) — ou será um jogo de video... mas também um filme? A pergunta remete, afinal, para o núcleo das grandes contradições da actual indústria de Hollywood — este texto foi publicado no Diário de Notícias (28 de Agosto), com o título 'Os bons, os maus e os clones'.
Para o melhor ou para o pior, muito cinema americano das últimas três décadas depende do conceito de blockbuster e dos seu dois “inventores”: Steven Spielberg e George Lucas. O primeiro, em 1975, com Tubarão conseguiu um inusitado êxito planetário e sistematizou as leis narrativas e comerciais do blockbuster. Em 1977, com o primeiro título de A Guerra das Estrelas, o segundo refez para a idade moderna o conceito primitivo de serial. Sintomaticamente, Spielberg e Lucas têm os seus nomes ligados através das aventuras de Indiana Jones, outra saga eminentemente popular.
Mais de trinta anos passados sobre o Star Wars original, o cartão de visita de Lucas é este desconcertante filme de animação que, com inevitável ironia, dá pelo nome de Star Wars – A Guerra dos Clones. Porquê desconcertante? Porque podemos verificar que este cinema de revisão dos modelos clássicos de ficção científica, e também de novos conceitos de merchandising e marketing, deslizou, lentamente, porventura metodicamente, para o novo país dos jogos de video.
A questão é pertinente, não porque o cinema esteja “interdito” de aceitar contaminações dos jogos de video. Bem pelo contrário: desde Minority Report (Spielberg, outra vez) até Speed Racer (o filme dos irmãos Wachowski também lançado este Verão), já se provou que a sua relação pode ser interessantíssima. Acontece que, por vezes, tal relação parece conduzir a uma bizarra estagnação do próprio cinema. Daí a surpresa: nesta guerra de “bons” e “maus” mais ou menos clonados, o desenho animado é reconduzido a um primitivismo técnico que não aguenta qualquer comparação com a sofisticação digital que domina o mercado (veja-se a excelência de WALL-E e compare-se...).
Daí também o impasse que aqui pressentimos. Dir-se-ia que Lucas produziu um longo “filme-anúncio” de um jogo de video, ao mesmo tempo simplificando o espírito de aventura que, muito justamente, encarnou. É um impasse que, afinal, lança algumas interrogações a todas as futuras opções de aventura da produção de Hollywood.
Para o melhor ou para o pior, muito cinema americano das últimas três décadas depende do conceito de blockbuster e dos seu dois “inventores”: Steven Spielberg e George Lucas. O primeiro, em 1975, com Tubarão conseguiu um inusitado êxito planetário e sistematizou as leis narrativas e comerciais do blockbuster. Em 1977, com o primeiro título de A Guerra das Estrelas, o segundo refez para a idade moderna o conceito primitivo de serial. Sintomaticamente, Spielberg e Lucas têm os seus nomes ligados através das aventuras de Indiana Jones, outra saga eminentemente popular.
Mais de trinta anos passados sobre o Star Wars original, o cartão de visita de Lucas é este desconcertante filme de animação que, com inevitável ironia, dá pelo nome de Star Wars – A Guerra dos Clones. Porquê desconcertante? Porque podemos verificar que este cinema de revisão dos modelos clássicos de ficção científica, e também de novos conceitos de merchandising e marketing, deslizou, lentamente, porventura metodicamente, para o novo país dos jogos de video.
A questão é pertinente, não porque o cinema esteja “interdito” de aceitar contaminações dos jogos de video. Bem pelo contrário: desde Minority Report (Spielberg, outra vez) até Speed Racer (o filme dos irmãos Wachowski também lançado este Verão), já se provou que a sua relação pode ser interessantíssima. Acontece que, por vezes, tal relação parece conduzir a uma bizarra estagnação do próprio cinema. Daí a surpresa: nesta guerra de “bons” e “maus” mais ou menos clonados, o desenho animado é reconduzido a um primitivismo técnico que não aguenta qualquer comparação com a sofisticação digital que domina o mercado (veja-se a excelência de WALL-E e compare-se...).
Daí também o impasse que aqui pressentimos. Dir-se-ia que Lucas produziu um longo “filme-anúncio” de um jogo de video, ao mesmo tempo simplificando o espírito de aventura que, muito justamente, encarnou. É um impasse que, afinal, lança algumas interrogações a todas as futuras opções de aventura da produção de Hollywood.