Os Ficheiros Secretos estão de volta, aparentemente para encerrar a sua saga televisiva & cinematográfica — este texto foi publicado no Diário de Notícias (7 de Agosto), com o título 'Na intimidade de Scully e Mulder'.
O primeiro filme concebido a partir da série Ficheiros Secretos (1998) não foi brilhante, confundindo-se com um tradicional episódio ingloriamente “esticado” para durar duas horas. Desta vez, o próprio criador da série, Chris Carter, assumiu a realização e terá pensado que era essencial valorizar o nó dramático deste universo a meio caminho entre o policial e a ficção científica. Ou seja: o frente a frente entre a exigência científica de alguma verdade material, personificada pela personagem de Dana Scully (Gillian Anderson), e a permanente disponibilidade de Fox Mulder (David Duchovny) para acreditar numa dimensão outra, não racional, porventura transcendental.
Daí o paradoxo de Ficheiros Secretos: Quero Acreditar: por um lado, o filme conserva a perturbação decorrente da simples vacilação das formas correntes de percepção (para mais introduzindo uma personagem tão inquietante como a do padre pedófilo, magnifica-mente interpretado por Billy Connolly); por outro lado, há nele um clima intimista que empresta às sequências de diálogo entre Scully e Mulder a respiração ambígua do mais clássico melodrama.
Tendo em conta o passar dos anos e até o próprio desenlace do filme (vale a pena ver o genérico até ao fim...), tudo indica que a saga dos Ficheiros Secretos terá, aqui, o seu capítulo final. Faz sentido que assim seja. Sendo já um reflexo tardio da “espiritualidade” new age, a série deixa a herança de uma atitude meritória: a de que a televisão não tem que ser estúpida. Queremos acreditar.
O primeiro filme concebido a partir da série Ficheiros Secretos (1998) não foi brilhante, confundindo-se com um tradicional episódio ingloriamente “esticado” para durar duas horas. Desta vez, o próprio criador da série, Chris Carter, assumiu a realização e terá pensado que era essencial valorizar o nó dramático deste universo a meio caminho entre o policial e a ficção científica. Ou seja: o frente a frente entre a exigência científica de alguma verdade material, personificada pela personagem de Dana Scully (Gillian Anderson), e a permanente disponibilidade de Fox Mulder (David Duchovny) para acreditar numa dimensão outra, não racional, porventura transcendental.
Daí o paradoxo de Ficheiros Secretos: Quero Acreditar: por um lado, o filme conserva a perturbação decorrente da simples vacilação das formas correntes de percepção (para mais introduzindo uma personagem tão inquietante como a do padre pedófilo, magnifica-mente interpretado por Billy Connolly); por outro lado, há nele um clima intimista que empresta às sequências de diálogo entre Scully e Mulder a respiração ambígua do mais clássico melodrama.
Tendo em conta o passar dos anos e até o próprio desenlace do filme (vale a pena ver o genérico até ao fim...), tudo indica que a saga dos Ficheiros Secretos terá, aqui, o seu capítulo final. Faz sentido que assim seja. Sendo já um reflexo tardio da “espiritualidade” new age, a série deixa a herança de uma atitude meritória: a de que a televisão não tem que ser estúpida. Queremos acreditar.