É uma ironia do calendário que vale a pena sublinhar: Madonna nasceu a 16 de Agosto de 1958; Michael Jackson apenas treze dias mais tarde, a 29. Hoje, dia do 50º aniversário de Michael, há uma espécie de cumplicidade mágica que se cristaliza: sem eles, sem a sua música e o seu sentido de espectáculo, sem a sexualidade dela e o erotismo dele, não é possível fazer a história da música pop no século XX. Aliás, em boa verdade, não é possível fazer a história do século XX. Ponto.
Para além das sombras e fantasmas da história pessoal de Michael Jackson (que não é, por certo, nem simples nem idílica), muito para além das vulgaridades mediáticas que sobre ele se abateram, o seu trabalho criou uma persona artística em que a sensualidade da música e a teatralidade das imagens não são alheias a alguma dimensão de sagrado. É esse o fascínio — e também o medo — que podemos descobrir e contemplar nestas regiões mais recônditas do país da pop.
Para além das sombras e fantasmas da história pessoal de Michael Jackson (que não é, por certo, nem simples nem idílica), muito para além das vulgaridades mediáticas que sobre ele se abateram, o seu trabalho criou uma persona artística em que a sensualidade da música e a teatralidade das imagens não são alheias a alguma dimensão de sagrado. É esse o fascínio — e também o medo — que podemos descobrir e contemplar nestas regiões mais recônditas do país da pop.
A data justifica, por isso, que celebremos a vitalidade da herança musical e iconográfica de Michael Jackson, por exemplo através do clip promocional do álbum HIStory: Past, Present and Future, Book I (1995). Eis um exemplo metódico do modo como a star pode ser essa entidade devoradora de todas as linguagens, integrando as linhas gerais do imaginário político e da sedução religiosa. Tenham medo.