Ano Madonna - 25
Camille Paglia & Ca.
Camille Paglia & Ca.
Na compreensão da complexidade do universo de Madonna — e, muito em particular, na avaliação dos seus desafios aos valores e imagens do espaço feminino tradicional —, autores como a americana Camille Paglia foram absolutamente vitais. Não apenas por essa lógica, sem dúvida perversa, que transformou Madonna em tema recorrente de muitos estudos universitários made in USA, mas também pela recusa de qualquer hierarquia moralista entre "alta" e "baixa" cultura. A 21 de Julho de 1991, em artigo publicado na revista de domingo do jornal The Independent, Paglia começava mesmo de modo panfletário: "I'm a dyed-on-the-wool, true-blue Madonna fan" (texto incluído no livro Sex, Art, and American Culture).
Que faz, então, com que uma pessoa tão brilhante como Paglia tenha optado ultimamente por um claro distanciamento, não apenas desvalorizando o trabalho de Madonna (está no seu direito), mas também escolhendo a via menor do insulto. Exemplo? Segundo ela, na capa de Hard Candy, ela parece-se com uma "velha e dissoluta mulher da rua"... De onde vem tamanha violência? Quem formula tal interrogação é Aida Edemariam, num subtil texto intitulado "Por que é que Camille Paglia & Ca. renegaram Madonna?". Vale a pena ler, sobretudo tendo em conta que Edemariam coloca, afinal, a questão da coerência e/ou incoerência de cada um (neste caso, explicitamente: de cada uma) — é uma grande questão, ao mesmo tempo existencial, ética e artística.