quinta-feira, agosto 21, 2008

Anne Sofie von Otter no seu elemento

Qual é o lugar onde se podem cruzar — e, mais do que isso, mutuamente iluminar — a ironia de Offenbach e o romantismo dos... Abba, a frieza de Strauss (Richard, bien sûr), os prodígios de Mozart, a elegância de Kurt Weill e a melancolia de... Elvis Costello? Em boa verdade, não é exactamente um lugar, mas uma pessoa, uma das vozes sublimes do nosso presente: a mezzo-soprano sueca Anne Sofie von Otter. Sempre com chancela da Deutsche Grammophon, von Otter lançou In My Element, antologia (2 CDs) que propõe uma viagem fascinante por uma carreira de mais de um quarto de século, reinventando a herança plural do canto lírico, por vezes cedendo sem remorso aos pecados da pop. Manda o bom senso que se diga que este género de antologias, obviamente visando antes do mais uma confortável performance comercial, tende a diminuir a riqueza da música e as qualidades dos artistas — de vez em quando, como é óbvio, importa mandar o bom senso às urtigas.

>>> Esta é uma interpretação da 'Havanaise: L'Amour Est un Oiseau Rebelle', da Carmen, de Bizet, uma das faixas da antologia — neste caso num registo do Festival de Glyndebourne (2002), sob a direcção de David McVicar.