Um dos paradoxos mais frequentes, e também mais cruéis, da actual produção de Hollywood (entenda-se: das grandes máquinas apoiadas num marketing agressivo) é o seu desequilíbrio entre aquilo que promete e o que, realmente, tem para oferecer. Como se alguns filmes fossem simples extensões dos respectivos trailers. É o caso de Wanted/Procurado, de Timur Bekmanbetov, com Angelina Jolie [foto] e James McAvoy — lançado nos EUA a 27 de Junho, tem estreia portuguesa marcada para 10 de Julho. Veja-se um dos seus magníficos trailers.
Ora, há algo de "errado" neste trailer — porque é algo que joga contra o próprio filme. Claro que são apenas dois minutos e pouco. O certo é que, vendo o filme, é inevitável sentir que há proezas visuais que seria incomparavelmente mais interessante descobrir através do próprio filme... e não no trailer.
Entendam-me: não se trata de demonizar Wanted — o filme, aliás, possui uma contagiante energia visual e constitui mais uma peça interessantíssima para continuarmos a reflectir sobre os destinos do cinema e da sua aliança com o digital. Obviamente, também não se pretende demonizar os blockbusters (há-os geniais, há-os medío-cres, como em qualquer área de produção). Trata-se, isso sim, de perguntar para onde vai este cinema cuja sofisticação tecnológica lhe empresta uma evidente euforia criativa mas que, ao mesmo tempo, muitas vezes, tende a menosprezar o trabalho básico de construção narrativa — e, muito concretamente, a consistência dramática dos seus argumentos.
Digamos, para já, que vale a pena ver Wanted, ver os trailers de Wanted, atravessar os seus fascínios e as suas fragilidades, prolongando também a reflexão que estas dúvidas suscitam.
>>> Sobre os efeitos especiais de Wanted: dossier na revista Wired.
Ora, há algo de "errado" neste trailer — porque é algo que joga contra o próprio filme. Claro que são apenas dois minutos e pouco. O certo é que, vendo o filme, é inevitável sentir que há proezas visuais que seria incomparavelmente mais interessante descobrir através do próprio filme... e não no trailer.
Entendam-me: não se trata de demonizar Wanted — o filme, aliás, possui uma contagiante energia visual e constitui mais uma peça interessantíssima para continuarmos a reflectir sobre os destinos do cinema e da sua aliança com o digital. Obviamente, também não se pretende demonizar os blockbusters (há-os geniais, há-os medío-cres, como em qualquer área de produção). Trata-se, isso sim, de perguntar para onde vai este cinema cuja sofisticação tecnológica lhe empresta uma evidente euforia criativa mas que, ao mesmo tempo, muitas vezes, tende a menosprezar o trabalho básico de construção narrativa — e, muito concretamente, a consistência dramática dos seus argumentos.
Digamos, para já, que vale a pena ver Wanted, ver os trailers de Wanted, atravessar os seus fascínios e as suas fragilidades, prolongando também a reflexão que estas dúvidas suscitam.
>>> Sobre os efeitos especiais de Wanted: dossier na revista Wired.