Num país cinematográfico em que tantas dificulda-des estão criadas à exis-tência das longas-metra-gens de cinema, não se pode esperar que as curtas tenham a vida fácil. De facto, a menor duração não simplifica necessariamente as coisas... Na primeira sessão do 16º Festival de Vila do Conde dedicada à competição das curtas portuguesas, ouviu-se mesmo alguns dos cineastas presentes falarem dos longos anos de laboração para gerar alguns minutos de cinema. Digamos, então, para simplificar que ficou uma ideia de diversidade, do melodrama brevíssimo de A Primeira Noite (Ricardo de Almeida) ao assombramento a preto e branco de Corrente (Rodrigo Areias), passando pelo intimismo trágico de Fevereiro (Francisco Botelho) e a ironia cruel de Cândido (Zepe/José Pedro Cavaleiro), exercício de animação que foi, para já, o mais consistente, evitan-do sacrifar a história à exibição do "estilo" [foto]. Seja como for, fica esse primeiro sentimento de diversidade e de alguma disponibili-dade para os riscos da experimentação — e com muito público a assistir.