A organização Greenpeace lançou um video sobre a política ambiental em França que é um caso modelar de reconversão crítica de imagens dos líderes políticos — este texto foi publicado no Diário de Notícias (18 Julho), com o título imagens ecológicas.
É um facto que os políticos passaram a fazer parte da galeria de actores principais do quotidiano televisivo. Através da televisão, expõem e defendem as suas ideias, ganham e perdem os seus combates. Coisa efémera, diz-se muitas vezes. E com razão, de tal modo a aceleração mediática se tornou uma espécie de lei “obrigatória” de todas as relações humanas. E, no entanto... as imagens de televisão podem conservar o estranho poder de regressarem, tardiamente, mas com perversa eficácia e contagiante ironia.
Aconteceu agora, em França, através de um video concebido (gratuitamente) pela agência DDB para a organização ecológica Greenpeace. Considerando que sucessivos governos franceses não cumpriram muitas promessas de estudo e desenvolvimento de formas de energia amigas do ambiente, a Greenpeace francesa decidiu mostrar imagens de uma série de políticos a enunciarem, precisamente, tais promessas.
Mas não é exactamente uma antologia. Aceitando jogar na brevidade do clip televisivo, a montagem das imagens dura pouco mais de 30 segundos [no final deste post], construindo uma frase que resulta da colagem de pequenas frases (ou mesmo de palavras isoladas) de uma galeria de políticos que começa em Giscard D’Estaing [foto à esquerda] e desemboca em Nicholas Sarkozy, passando, entre outros, por François Mitterand [foto à direita], Michel Roccard e Jacques Chirac. Resultado: uma frase de exaltação “ecológica” e “defesa do planeta” cuja duração, como sugeria o jornal Libération, é de... 30 anos! A palavra que mais se repete é um urgente “agora” (no sentido: “é preciso agir agora”). O video termina com a legenda: “Agora, é quando?”.
Lançada para coincidir com o arranque da presidência francesa da União Europeia, a 1 de Julho, esta é uma campanha que revela um exemplar entendimento das leis de funcionamento da actual paisagem mediática. Por um lado, convoca os políticos a partir da sua identidade televisiva; por outro lado, interroga a coerência do seu próprio discurso. A provar que mesmo as imagens mais “oficiais” podem ser pedagogicamente compreendidas e desmontadas. Podem e devem.
É um facto que os políticos passaram a fazer parte da galeria de actores principais do quotidiano televisivo. Através da televisão, expõem e defendem as suas ideias, ganham e perdem os seus combates. Coisa efémera, diz-se muitas vezes. E com razão, de tal modo a aceleração mediática se tornou uma espécie de lei “obrigatória” de todas as relações humanas. E, no entanto... as imagens de televisão podem conservar o estranho poder de regressarem, tardiamente, mas com perversa eficácia e contagiante ironia.
Aconteceu agora, em França, através de um video concebido (gratuitamente) pela agência DDB para a organização ecológica Greenpeace. Considerando que sucessivos governos franceses não cumpriram muitas promessas de estudo e desenvolvimento de formas de energia amigas do ambiente, a Greenpeace francesa decidiu mostrar imagens de uma série de políticos a enunciarem, precisamente, tais promessas.
Mas não é exactamente uma antologia. Aceitando jogar na brevidade do clip televisivo, a montagem das imagens dura pouco mais de 30 segundos [no final deste post], construindo uma frase que resulta da colagem de pequenas frases (ou mesmo de palavras isoladas) de uma galeria de políticos que começa em Giscard D’Estaing [foto à esquerda] e desemboca em Nicholas Sarkozy, passando, entre outros, por François Mitterand [foto à direita], Michel Roccard e Jacques Chirac. Resultado: uma frase de exaltação “ecológica” e “defesa do planeta” cuja duração, como sugeria o jornal Libération, é de... 30 anos! A palavra que mais se repete é um urgente “agora” (no sentido: “é preciso agir agora”). O video termina com a legenda: “Agora, é quando?”.
Lançada para coincidir com o arranque da presidência francesa da União Europeia, a 1 de Julho, esta é uma campanha que revela um exemplar entendimento das leis de funcionamento da actual paisagem mediática. Por um lado, convoca os políticos a partir da sua identidade televisiva; por outro lado, interroga a coerência do seu próprio discurso. A provar que mesmo as imagens mais “oficiais” podem ser pedagogicamente compreendidas e desmontadas. Podem e devem.