quinta-feira, julho 24, 2008

Critics "R" Us

Enviado por uma agência de publicidade, recebo um daqueles mails (colectivos) de promoção a um determinado produto. Trata-se, neste caso, de promover o lançamento no Colombo, em Lisboa, de um exclusivo da Toys"R"Us: os brinquedos relacionados com o filme Star Wars: A Guerra dos Clones (com estreia agendada para 28 de Agosto).
As informações que me mandam obedecem a um dialecto luso-anglo-saxónico não muito fácil de decifrar. Por exemplo:
> Ultimate Lightsaber – Só na Toys “R” Us – 49,99 €
> Army Builiding Set – Só na Toys “R” Us – 29,99 €
> Figuras Build a droid, variedades exclusivas – 11,99 €
> Sabre Laser - 39,99 €
[Julgo que este último corresponde à imagem que reproduzo].
Além do mais, o estilo épico-tablóide da prosa também não é muito inspirador. Por exemplo: "A guerra está no auge e o destino do universo Star Wars está nas mãos dos ousados cavaleiros Jedi. As suas aventuras levam-nos a batalhas cheias de acção e a revelações impressionantes."
Enfim, são pormenores. O que é espantoso — e confirma uma tendência consolidada ao longo de várias décadas de esvaziamento tecnocrático das práticas do marketing e do merchandising — é que há quem pense, serenamente e sem culpa, que os críticos de cinema são destinatários exemplares desta informação tão banalmente comercial e promocional.
O problema não está na boa vontade com que o mail me é mandado (e, por certo, a mais umas largas dezenas de pessoas). O problema está no triunfo de uma mentalidade — em boa verdade: uma profissão — que ignora por completo o que seja a actividade crítica e respectivas especificidades. Para tal mentalidade, a crítica nunca existiu. E não é por mal: é porque se julga que o mundo se reduz, assim, a droids para construir...