O Terceiro Irmão surgiu em 2005, três anos depois de Doze. Tal como no primeiro romance, o livro sugere traços de afinidade do autor para com os cenários que acolhem a narrativa e os ambientes que recebem as personagens que cria. Construído por pequenos capítulos, definindo o rumo dos acontecimentos pela soma ordenada de fragmentos de acções, pensamentos ou memórias, O Terceiro Irmão divide palcos essencialmente entre Banguecoque (na Tailândia) e Nova Iorque. A vivência asiática, que em parte pode ser fruto de um estágio do autor na Time Asia durante o seu segundo ano em Harvard, define a primeira parte da história. O protagonista Mike é, não muito longe da experiência pessoal Nick McDonell, um jovem jornalista, de 19 anos, a cumprir um estágio em Hong Kong e estudante universitário. Enviado para acompanhar um sénior num trabalho em Banguecoque vê-se imerso num submundo que o força a repensar o seu universo pessoal. A segunda parte do livro transporta-nos para o caos da baixa de Manhattan no dia 11 de Setembro de 2001. O horror do ataque às Torres Gémeas partilha as preocupações do protagonista com os fantasmas que atormentam o irmão mais velho, Lyle, um dos quais não sendo mais que um "terceiro irmão" que, na verdade, não existe. Mas tal como o World Trade Center, a família de Mike é, no fim do dia, um destroço...
Contra o entusiasmo que acolheu Doze, o segundo romance de Nick McDonell dividiu opiniões. Os elogios de uns contrastam com as palavras mais cautelosas de outros. De facto, se a estrutura fragmentada da escrita e a evolução da narrativa em curtos capítulos revelam um gosto pela definição de um ritmo cativante de leitura em tudo fiel à lógica dos tempos em que vivemos, por outro O Terceiro Irmão acaba por transpirar um caso de mais olhos que barriga. A ligação entre as três partes é frágil. E dosear de protagonismos entre figuras e cenários da acção acaba por retirar algum peso ao “terceiro irmão” que dá título ao livro. Mais uma vez vale a pena reflectir sobre se um comportamento precoce é necessariamente indicador de talento futuro. E sobre as consequências do sucesso demasiado rápido.
PS. Versão editada e acrescentada de um texto publicado no DN a 16 de Junho