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Importa agradecer-lhe. De facto, há décadas que estudiosos e analistas do fenómeno televisivo vão mostrando que, nas suas versões mais populistas, a televisão se transformou num indutor de acontecimentos — em vez de os observar, promove-os; em vez de deles se distanciar, provoca-os e intensifica-os. Como é óbvio, a maioria dos responsáveis pelas programações repudia tal visão das coisas, não poucas vezes menosprezando-a como produto supérfluo do trabalho de perigosos intelectuais (e é sabido como, em Portugal, se continua a cultivar a palavra "intelectual" como uma forma de insulto). Desta vez, porém, não se tratou de uma interpretação exterior, mas sim de uma prova interior — foi um grande momento de televisão.