A estreia de Alexandra, de Aleksandr Sokurov, proporcionou-nos um reencontro com a nobreza do cinema russo — este texto foi publicado no Diário de Notícias (14 Junho), com o título 'O lugar dos russos'.
Na semana em que estreia o mais recente filme de Aleksandr Sokurov, vem a propósito perguntar que lugar ocupa o cinema russo no imaginário popular. Será que o espectador comum identifica os nomes de Dziga Vertov, Sergei Eisenstein [foto: O Couraçado Potemkine, 1925] ou Aleksandr Dovjenko como referências decisivas para compreender a história da Rússia (e da URSS) e também pilares essenciais da história do cinema?
A resposta é genericamente, e infelizmente, negativa. Assim como as televisões não param de escavar as memórias dos heróis do futebol, assim também grandes capítulos da vida artística das gerações passadas estão remetidos para a condição de curiosidades mais ou menos esotéricas. Vivemos num mundo em que a acumulação de “informação” pode produzir exactamente o contrário daquilo que proclama. Ou seja: desconhecimento e ignorância. Lembrar tais desgraças pode valer a qualquer cidadão o rótulo de intelectual, já que somos ainda um país em que a palavra “intelectual” é muitas vezes entendida, não como uma designação profissional, mas um insulto.
Na semana em que estreia o mais recente filme de Aleksandr Sokurov, vem a propósito perguntar que lugar ocupa o cinema russo no imaginário popular. Será que o espectador comum identifica os nomes de Dziga Vertov, Sergei Eisenstein [foto: O Couraçado Potemkine, 1925] ou Aleksandr Dovjenko como referências decisivas para compreender a história da Rússia (e da URSS) e também pilares essenciais da história do cinema?
A resposta é genericamente, e infelizmente, negativa. Assim como as televisões não param de escavar as memórias dos heróis do futebol, assim também grandes capítulos da vida artística das gerações passadas estão remetidos para a condição de curiosidades mais ou menos esotéricas. Vivemos num mundo em que a acumulação de “informação” pode produzir exactamente o contrário daquilo que proclama. Ou seja: desconhecimento e ignorância. Lembrar tais desgraças pode valer a qualquer cidadão o rótulo de intelectual, já que somos ainda um país em que a palavra “intelectual” é muitas vezes entendida, não como uma designação profissional, mas um insulto.