sexta-feira, junho 06, 2008

Em conversa: Vampire Weekend (3/3)

Concluímos hoje a publicação de uma entrevista com Ezra Koenig, dos Vampire Weekend, que serviu de base a um artigo publicado a 29 de Maio no DN.

O que distingue os Vampire Weekend das muitas outras bandas nova-iorquinas dos nossos dias?
Não sei como explicar as diferenças. Por vezes surge uma banda com certa exposição e passa a ideia, sobretudo para quem está longe, que a cidade soa toda aquilo que eles fazem. De repente reparei que os Interpol eram muito conhecidos... Ou seja, se calhar há quem tenha ficado a pensar que Nova Iorque é uma cidade sombria... Mas , em Nova Iorque, as pessoas não se devem surpreender que haja na mesma cidade bandas como nós ou os Interpol.

A vossa música traduz um sentido de optimismo e felicidade. Não é frequente em muita da música dos nossos dias...
Somos felizes. E temos sentido de humor. O sentido de humor é um dos ingredientes mais importantes na nossa vida, creio. Creio também que se pode expressar felicidade e prazer sem ser necessariamente superficial. Muitas vezes há quem pense que, por uma música ser ritmada, não tem nada para nos dizer... Não é verdade. Muita da música de que gosto tem elementos de bom humor. Mas não é por isso que deixa de ser uma coisa séria.

Até que ponto a Internet foi fundamental para a revelação da vossa música?
A Internet desempenhou um papel importante na divulgação da nossa música, antes da rádio e da televisão. Mas logo ao início houve artigos em jornais como o New York Times. E é verdade que, há dez anos atrás, o New York Times não escreveria logo sobre uma banda emergente daquela maneira. Ouviram falar de nós, mostraram interesse e vieram conhecer-nos.

Mas a projecção global fez-se, em primeiro lugar, na blogosfera...
Sim. Muitos blogues, que permitem a escuta de ficheiros mp3, são hoje muito importantes na divulgação de novas bandas. Muitos não oferecem uma análise tão profunda das coisas como os jornais. Nem mesmo fazem críticas. Mas permitem esses contactos. E as pessoas acedem a esses blogues para isso mesmo.

Ou seja, defende que “tirar” uma canção a uma banda e oferece-la como mp3 gratuito pode ser um bom cartão de visita?
Sim, foi o que aconteceu connosco. Muita da música do nosso álbum estava já disponível na Internet um ano antes de o lançarmos. Disponível de uma forma não oficial, se me faço entender. Havia quem temesse que, com um álbum disponível na Internet há tantos meses ninguém depois o fosse comprar. Mas isso não aconteceu. E há pessoas que nunca comprariam música, de uma maneira ou outra... E o disco vendeu logo muito bem na semana de lançamento... Não criticamos as pessoas por trocarem mp3...