Ricky Gervais introduziu um novo paradigma no humor televisivo: para além do sentido caricatural e, por isso mesmo, social do seu trabalho, há toda uma dimensão psicológica e emocional que contamina os seus espaços, como se ele fosse (e é) um símbolo desconcertante da vocação trágica do destino humano. Sempre na companhia criativa de Stephen Merchant, foi assim em The Office, volta a ser assim em Extras.
A boa notícia é que já está no mercado do DVD a segunda temporada de Extras. Por um lado, o facto de Andy (Gervais) ter agora a sua própria sitcom empresta-lhe uma mágoa suplementar, já que nem mesmo o seu insólito sucesso apaga — parece mesmo reforçar — a pressão de uma mágoa sem fundo, de uma tristeza devastadora. Por outro lado, as guest stars continuam a prestar-se ao jogo perverso de desafiar as suas próprias imagens de marca, incluindo o carismático intérprete de "Harry Potter", Daniel Radcliffe, que se expõe num registo não exactamente angelical. Orland Bloom, David Bowie (genial, ao piano, cantando literalmente contra Andy), Ian McKellen, Robert De Niro e Chris Martin são os outros convidados — em resumo, um caso modelar de associação de produção entre BBC e HBO.
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