quinta-feira, maio 22, 2008
Indiana Jones e a oportunidade perdida
Será culpa da expectativa? Mas seria errado não esperar o melhor, em função da memória de uma das mais importantes reinvenções da herança do cinema de aventuras? Falamos de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal que, 19 anos depois, devolve o chapéu e o chicote a Harrison Ford e a câmara a Steven Spielberg. Apesar de um momento menos inspirado no, mesmo assim empolgante, Indiana Jones e o Templo Perdido (1984), a trilogia inicial (que nascera com Os Salteadores da Arca Perdida, em 1981, e terminara em glória com Indiana Jones e a Grande Cruzada, em 1989) encerrava em si um capítulo fundamental na história do cinema de Steven Spielberg. Criou um herói. Deu-lhe corpo e consistência. E nunca o confrontou com equívocos. No filme que hoje chega às salas portuguesas, o que de interessante passa pelo ecrã é tudo o que decorre da memória desses três outros filmes. Seja em instantes de comic relief (que sempre fizeram parte do livro de estilo Indiana Jones) que nascem de citações que a memória recorda, seja no recurso a linhas do passado que ajudam a definir encontros e reencontros que se revelam estruturais na narrativa. De novo... Há muito pouco. A figura do filho de Indiana Jones (que pede que se lhe passe o chapéu num quinto filme e deixe o pai ir lanchar em paz) é talvez a nova única peça interessante num jogo que desta vez mais parece de computador que feito do fôlego e entusiasmo da genética do cinema de aventuras. O que era deslumbramento visual nos primeiros filmes, o que havia de intrigante nas histórias, de viciante na revelação das surpresas, aqui parece banal baralha e volta a dar de ideias, com muitos efeitos especiais a ajudar. E só não sai da nave (não dizemos qual) um Jar Jar Binks porque, se calhar... não calhou.