Exibido na Quinzena dos Realizadores, o filme português Aquele Querido Mes de Agosto, de Miguel Gomes, aposta em abordar as bandas populares de aldeia (vulgo "musica pimba") num registo que vai do olhar documental ao artifício da ficção. Não creio que o balanço interno entre uma coisa e outra seja sempre o mais interessante — até porque a faceta documental parece ter força para se sustentar autonomamente. Em todo o caso, este é um filme que coloca uma curiosa questão de difusão. Dito de outro modo: seria importante — até como exemplo — criar condições inventivas para a sua promoção e difusão, tentando vencer o estigma "intelectual" que tantas vezes (e de forma tão maldosa) se cola a muitas produções portuguesas: Aquele Querido Mês de Agosto é um objecto de raiz genuinamente popular e merece, por isso, uma visibilidade adequada as suas características.
Ja na última fase da competição, o festival continua a apresentar algumas sólidas contribuições, incluindo os novos filmes do francês Philippe Garrel [foto em cima] e do canadiano Atom Egoyan. O primeiro, La Fontiere de l'Aube, é um belíssimo conto de amor, contraditório e suicidário, fotografado a preto e branco pelo grande William Lubtschansky. O segundo, Adoration [foto em baixo] retraça o inquérito que um adolescente faz sobre os seus pais — e, em particular, sobre um violino que pontua toda a sua relação amorosa —, num brilhante ziguezague temporal que nos faz pressentir o imponderável do destino de cada um; mais uma vez, Egoyan conta uma história com calculados e subtis ecos sobre as relações entre judeus e muçulmanos.
Ja na última fase da competição, o festival continua a apresentar algumas sólidas contribuições, incluindo os novos filmes do francês Philippe Garrel [foto em cima] e do canadiano Atom Egoyan. O primeiro, La Fontiere de l'Aube, é um belíssimo conto de amor, contraditório e suicidário, fotografado a preto e branco pelo grande William Lubtschansky. O segundo, Adoration [foto em baixo] retraça o inquérito que um adolescente faz sobre os seus pais — e, em particular, sobre um violino que pontua toda a sua relação amorosa —, num brilhante ziguezague temporal que nos faz pressentir o imponderável do destino de cada um; mais uma vez, Egoyan conta uma história com calculados e subtis ecos sobre as relações entre judeus e muçulmanos.
Enfim, apenas para esquecer e Il Divo, de Paolo Sorrentino, uma visão caricatural e gratuita da personagem de Giulio Andreotti na história das últimas décadas da política italiana.