O mercado português da música gravada facturou no ano passado 50 645 892 euros. Menos 13,6 por cento que em 2006, em números que somam as vendas de discos (incluindo cassetes), DVD musical e mercado digital. Esta última parcela é a única que respira saúde mais evidente (mesmo assim ainda longe de cantar vitórias), evitando uma queda que poderia ter atingido, sem a sua presença, um valor de 14,92%. O cenário não é novo. Em apenas oito anos desapareceu metade do mercado discográfico português. Com facturação na ordem dos cem milhões de euros em anos como 2000 ou 2002, os números atingiram os valores mais baixos desde a "alta" dos anos 90 em 2007. Várias causas podem se apontadas para justificar a quebra, entre as quais os valores elevados da pirataria (física e digital). Mas não só! Há que ter ainda em conta um vasto leque de oferta concorrente à música gravada (dos concertos a outros produtos de lazer). Isto sem falar no preço dos discos, no IVA injustificadamente elevado, e outras causas que nos últimos anos se têm enumerado aqui vezes sem conta...
Um olhar pelo levantamento de mercado em 2007 revelado há dias pela Associação Fonográfica Portuguesa mostra valores em crescimento nas vendas de música portuguesa, que no último ano atingem 32 por cento da facturação total, um valor claramente superior ao que se verificava há alguns anos. O mercado é ainda dominado pelo repertório internacional (42,4 %), representando a música portuguesa, hoje, a segunda maior força de vendas no mercado nacional, acima das compilações (21,6 %), repertório regional (7,18 %) e música clássica (3,57 %). Nas vendas de música portuguesa em full price (ou seja, os novos lançamentos), que somam em conjunto 1 127 622 unidades, 53% das vendas correspondem a discos de pop/rock. Seguem-se as vendas de música ligeira (20%, número expressivo, que traduz parte do efeito “música de telenovelas” e os sucessos dos cantores ditos “românticos”), fado (9%), música infantil (5,9%), hip hop (5,7%) e jazz e blues (1,72%). A clássica e a dance music de produção nacional não vão além dos 0,1%. Há ainda “outros” géneros a ter em conta, somando as vendas destes pouco mais de 3% do total da música portuguesa.
Por formatos, o mercado é dominado pelo CD, que representa 85,3% do total de 7 904 025 unidades vendidas (áudio e audiovisual). Face a 2006 o CD cai 8%. Maior é a quebra do DVD musical, com menos 21,7% de unidades vendidas que em 2006. Por editoras a facturação fez da Sony BMG a mais bem sucedida, conquistando 18,65 da quota de mercado. Seguem-se a Universal (18,27), EMI (14,85), Farol (12,68), Som Livre (10,98), Vidisco (8,05), Warner (7,06), Espacial (6,32), EDLP (1,74), Ovação (1,18) e Zona Música (0,22).
PS. Versão editada a partir de texto publicado na edição do DN de 6 de Abril.