
O pianista francês
Pierre-Laurent Aimard (nascido em Lyon, em 1957) não é exactamente um desconhecido. Nem sequer uma personagem secundária no panorama da música clássica. Membro do
Ensemble InterContemporain desde 1977, a convite do seu fundador Pierre Boulez, Aimard possui uma carreira internacional que, além de Boulez, já o levou a trabalhar com Zubin Mehta, André Previn ou Nikolaus Harnoncourt. E se é verdade que o seu estatuto clássico passa por célebres gravações de obras como os concertos para piano de Beethoven, não é menos verdade que o seu labor o mantém também intimamente ligado à música do século XX, com especial destaque para Karlheinz Stockhausen e György Ligeti.
Não admira que, para se estrear no catálogo da Deutsche Grammophon, Aimard tenha apostado num desafio extremo:
A Arte da Fuga, de Bach, como ele próprio diz "uma síntese da música do século XVIII." O seu piano oferece-nos uma revisão do tecido contrapontístico de Bach, por um lado preservando a sua densidade mais primitiva, por outro lado convocando-nos para uma "ligeireza" de estranha e envolvente sensualidade. Ou como este reencontro com um clássico corre o risco de se transformar, ele próprio, num novo clássico.