Quando realizou Imitação da Vida (1959), Douglas Sirk era um cineasta desiludido com a lenta decomposição do próprio sistema de produção (hollywoodiano) em que realizara a maior parte da sua obra. Daí que a redescoberta do filme em DVD, depois da sua reposição em sala — em ambos os casos com a chancela da Costa do Castelo —, seja uma via ideal para compreendermos as especificidades da escrita melodramática e, mais do que isso, a sua capacidade para aceder às mais complexas tensões do tecido social e familiar — a esse propósito, vale a pena recordar que um dos núcleos dramáticos do filme é uma jovem, filha de uma mulher negra, que quer esconder as suas próprias raízes rácicas. Esta é uma edição tanto mais importante quanto inclui a outra Imitação da Vida (1934), de John M. Stahl, também baseada no best-seller de Fannie Hurst.