quinta-feira, março 13, 2008
Mamutes e pipocas
Mamutes a carregar pedras para construir pirâmides. Pássaros carnívoros extintos há dois milhões de anos devoram humanos entre o capim. Tribos negras vivem na savana e, mais acima, na montanha, o povo herói é caucasiano... Estas são apenas alguns entre os mais surpreendentes dos tropeções na lógica da história num filme que, pelos vistos, gastou fortunas para recriar alguns animais e ambientes da pré-história. Chama-se 10.000 A.C. e é o novo filme de Roland Emmerich, o realizador de Stargate ou O Dia da Independência. É candidato ao título de pior filme do ano em todas as frentes. Narrativa débil, revisitando à exaustão a velha história do raide de mafarricos guerreiros que entram pela aldeia dentro, raptam tudo e todos, não esquecendo a amada do herói que, naturalmente, é logo pretendida pelo chefe dos “maus”. E o “bonzinho”, não fica por meias medidas. Enfrenta o frio, a montanha, a selva, a savana, o deserto, os ataques de uns perus gigantes que comem tudo, faz amizade com um tigre dentes de sabre, blá blá blá. E acaba salvador de tudo e todos. Um herói... À história juntam-se personagens tão peliculares na profundidade da sua caracterização que, ao mais leve vento, lá se deixa de saber quem são. Não falta direcção de actores meio “primitiva”, que faz das tribos dos filmes de Tarzan dos anos 30 verdadeiras companhias shakespeareanas... E, claro, toda uma colecção de atentados históricos. OK, tudo pode falhar menos os efeitos especiais... O filme não é mau. É péssimo. Mas vai vender bilhetes como pães quentes em tardes e noites de sábado e domingo em centro comercial com farta copazada de pipocas na mão.