Vanity Fair (1990)
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Não é, por certo, um dos mais conhecidos portfolios de Madonna. Apesar disso (e também por causa disso), permanece como um dos mais enigmáticos e fascinantes — foi feito para a Vanity Fair, em 1990, e tem assinatura de Helmut Newton (1920-2004). Dir-se-ia que esse mestre de um erotismo gélido (no sentido em que Bataille falava do erotismo como afirmação da vida até na própria morte) sumeteu Madonna a uma ditadura de encenação que a força a reinventar-se como diva de um ambiente eminentemente germânico e, por que não dizê-lo?, berlinense (Newton nasceu em Berlim). Da dádiva dela e da obstinação dele nasce uma cerimónia que se lê como uma confissão mútua de dois génios do assombramento iconográfico.
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