No Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, o Ciclo Ian Bostridge encerrou (domingo, 24 Fev., 19h00) com a revisitação de algumas peças de dois compositores alemães do século XIX — Robert Schumann e Johannes Brahms —, num recital em que imperou a sofisticação da relação do tenor inglês com o pianista, também inglês, Julius Drake. O menos que se pode dizer é que a herança romântica se expôs em toda a sua gama de contrastes e emoções, particularmente sensível no Lieder und Gesänge (Brahms) com que Bostridge terminou o concerto (que teria ainda três encores). Senhor de uma depurada técnica, Bostridge, acima de tudo, sabe expor a teatralidade intrínseca de cada frase, numa pose que lhe empresta uma discreta vulnerabilidade, enigmática e tocante. Bostridge estará de volta à Gulbenkian, a 12 de Maio, para uma récita do Idomeneo, de Mozart, em versão de concerto.