domingo, novembro 11, 2007

"Por que não te calas?"

A notícia está hoje nas primeiras páginas de jornais de todo o mundo: na Cimeira Ibero-Americana, em Santiago do Chile, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez tecia considerações sobre José María Aznar, antigo chefe do governo espanhol, apelidando-o de "fascista"; em defesa de Aznar, José Luís Rodriguez Zapatero, actual primeiro-ministro de Espanha, viu-se interrompido por Chávez, desencadeando uma reacção muito enérgica de Juan Carlos de Bórbon — "Por que não te calas?", foram as palavras do Rei de Espanha.

(Alguns exemplos de reportagem sobre o ocorrido:
* Lisboa, Diário de Notícias.
* Santiago do Chile, El Mercurio.
* Madrid, El Pais.
* Caracas, El Universal.)

Através das televisões e, mais do que isso, do YouTube (fragmento aqui em baixo), o caso rapidamente adquiriu dimensão planetária, criando um bizarro efeito mediático: por um lado, universalizando um típico efeito de apanhado, com as suas componentes tendencialmente irónicas ou até mesmo burlescas; por outro lado, fazendo-nos perceber que, de facto, as tensões políticas se podem expressar — e, mais do que isso, expor — através das cenas mais formais ou até, no seu formalismo, anódinas. Em qualquer caso, sentimo-nos todos tocados por esta súbita encenação do valor das palavras e dos seus poderes discursivos.