domingo, novembro 18, 2007

Ensaiar a cantata

Nos tempos de Dietrich Buxtehude (1637-1707) o termo cantata não era ainda empregue e a forma musical com esse nome, que Bach desenvolveria pouco depois, não tinha ainda surgido. Grande parte das obras deste compositor a que hoje chamamos cantatas (e estão identificadas um total de 112) são, na verdade, peças vocais (ocasionalmente para duas vozes, nunca coros) acompanhadas por pequenos conjuntos de instrumentistas. As cantatas de Buxtehude são, ainda, formas próximas da ária, nas quais o compositor revela um recurso imaginativo à orquestração, por vezes abrindo espaço a passagens que revelam um gosto pelo virtuosismo dos intérpretes. Os textos são frequentemente apresentados numa forma próxima dos madrigais, fornecendo às composições a sua estrutura. Este disco duplo, apresenta 16 cantatas de Buxtehude, muitas delas editadas já há 20 anos, então integradas num programa de gravações e lançamentos destinados a assinalar os 350 anos do nascimento do compositor. A estas junta-se algumas outras gravações efectuadas até 1990, o conjunto exemplificando a variedade de estilos que herdou, assim como pistas concretas que influenciaram, depois, Bach. O Ricercar Consort junta a si sete vozes nesta colecção de gravações dedicadas a um dos maiores mestres do barroco alemão.

Nascido, julga-se, em território dinamarquês, em 1637, Dietrich Buxtehude revelar-se-ia, contudo, um dos maiores compositores da Alemanha do século XVII, sobretudo afirmando-se como mestre nas composições para órgão, muitas delas ainda hoje frequentemente interpretadas. Trabalhou em diversas igrejas, com longas permanências sobretudo em Elsinor e, depois Lubeck. Nesta última cidade deu grande notoriedade a noites musicais que atraíram muitas das grandes figuras do seu tempo, de Handel e Telemann a Bach. Este último deslocou-se a Lubek, fazendo 400 quilómetros de estrada, aí ficando por três meses para escutar as performances Abendmusik na igreja, onde conheceu Buxtehude, que claramente o influenciou.