Texto publicado na revista de televisão do Diário de Notícias (9 Out.), com o título 'Fazer política sem esforço' >>> Esta semana tivemos um exemplo sintomático do modo como a televisão tende a favorecer a “personalização” da política em Portugal. De repente, a discussão do Orçamento de Estado para 2008 pareceu ser menos uma questão crucial da vida de todos os portugueses e mais um combate “pessoal” entre José Sócrates e Santana Lopes.
Provavelmente, as palavras dos dois opositores não terão sido alheias a tal efeito, quanto mais não seja porque ambos possuem uma identidade (política) indissociável da televisão. Em todo o caso, o jornalismo televisivo vive todos os dias a parasitar estas hipóteses de criar combates de galos para fazer “notícias”. Entre semelhante atitude e a promoção dos “famosos” do jet-set apenas mudam os protagonistas: a ideologia jornalística é a mesma.
Aliás, em termos televisivos, o debate político está completamente fulanizado. E no sentido mais maniqueísta. Veja-se, por exemplo, na RTP1, como Marcelo Rebelo de Sousa e António Vitorino asseguram uma espécie de estrelato partidário que, supostamente, reflecte um amplo leque de opiniões. Na prática, limitam-se a sustentar um discurso clonado em que a cultura política se esgota na interpretação das medidas governamentais.
Pensar a existência quotidiana para além de tais medidas (atitude essencial a qualquer entendimento político do mundo) é coisa que não passa pelos seus discursos. Sugestão de tema político? Por exemplo: o primado das telenovelas no espaço da ficção portuguesa. Em termos económicos, artísticos e simbólicos, que significam três décadas de domínio absoluto (e absolutamente normativo) das telenovelas? Um pequeno esforço...
Provavelmente, as palavras dos dois opositores não terão sido alheias a tal efeito, quanto mais não seja porque ambos possuem uma identidade (política) indissociável da televisão. Em todo o caso, o jornalismo televisivo vive todos os dias a parasitar estas hipóteses de criar combates de galos para fazer “notícias”. Entre semelhante atitude e a promoção dos “famosos” do jet-set apenas mudam os protagonistas: a ideologia jornalística é a mesma.
Aliás, em termos televisivos, o debate político está completamente fulanizado. E no sentido mais maniqueísta. Veja-se, por exemplo, na RTP1, como Marcelo Rebelo de Sousa e António Vitorino asseguram uma espécie de estrelato partidário que, supostamente, reflecte um amplo leque de opiniões. Na prática, limitam-se a sustentar um discurso clonado em que a cultura política se esgota na interpretação das medidas governamentais.
Pensar a existência quotidiana para além de tais medidas (atitude essencial a qualquer entendimento político do mundo) é coisa que não passa pelos seus discursos. Sugestão de tema político? Por exemplo: o primado das telenovelas no espaço da ficção portuguesa. Em termos económicos, artísticos e simbólicos, que significam três décadas de domínio absoluto (e absolutamente normativo) das telenovelas? Um pequeno esforço...