A assinalar os 60 anos da Archiv Produktion (subsidiária da já centenária Deutsche Grammophon), a série “al fresco” propõe o reencontro com dez títulos de referência do seu catálogo, apresentados em capas novas, digipacks graficamente apelativos, dominados pela presença de pinturas de Henri Matisse. A série inclui, entre outras, gravações célebres como, entre outras, as
Sonatas de Domenico Scarlatti por Trevor Pinnock (1987), o
Fairy Queen de Purcell por John Eliott Gardiner (1982), o
Dixit Dominus de Handel por Simon Preston (1988) ou as
Suites para Violoncelo de J.S. Bach, por Pierre Fournier. Para apresentar a colecção escolhemos precisamente este último, curiosamente a mais antiga das gravações recuperadas na série “al frecso”. Este é o registo das seis sonatas para violoncelo de Bach, captadas ao vivo em duas noites de lotação esgotada, na catedral de Basileia, no Outono de 1962. Ou, como descreveu Ângela Hugues na biografia do violoncelista, “um homem e quatro cordas deslumbraram duas mil pessoas... uma indescritível paleta de cores e contrastes... uma extraordinária demonstração de ideias, de mestria, de estilo”. Como os registos históricos de Pablo Casals (nos anos 30), esta é uma gravação de referência para esta obra, estatuto conferido pela opinião de quem nelas reconhece o rigor da entrega do violoncelista (célebre sobretudo pelo repertório romântico) a estas obras. As seis
suites para violoncelo (que se crê terem sido compostas entre 1717 e 1723) foram por Fournier (1906-1986) descritas como o “breviário” do compositor. No
site oficial da série de dez títulos “al fresco” encontram-se entradas para os dez discos agora reeditados, assim como
links para o
download, em pdf, dos textos dos
booklets originais.
Ao mercado chegaram, entretanto, outras duas gravações imperdíveis de obras de J. S. Bach.
Tombeau de Sa Majesté la Reine de Pologne, devolve-nos a música que Bach compôs, sob encomenda de um jovem aristocrata, para a apresentação de uma oração funerária pela alma da princesa Christiane de Brandenburg-Bayreuth, em 1727, juntando ao alinhamento uma missa a quatro vozes (BWV 234) e algumas peças para órgão. A interpretação cabe ao Ricercar Consort, sob direcção de Philippe Rirelot e conta ainda com as participações de Francis Jacob (orgão) e as vozes de Katharine Fuge, Carlos Mena, Jan Kobow e Stephan MacLeod. Edição Mirare.
Por seu lado, em
Sonatas, Viktoria Mullova (violino) e Ottavio Dantone (cravo e órgão) apresentam, pela Onyx, um CD duplo com gravações das seis sonatas para violino e cravo, compostas no mesmo período que as para violoncelo acima referidas. No disco colaboram ainda Vittorio Ghielmi (viola da gamba) e Luca Pianca (alaúde), numa gravação de uma transcrição da Sonata trio para Orgão No 5 (BWV 529), numa abordagem que pretende vincar a variedade de timbres da música do início do século XVIII.