Esta é talvez a mais entusiasmante e inteligente das séries de televisão em produção neste momento. É corajosa, subversiva, espantosamente bem escrita, magnificamente interpretada e está a gerar um fenómeno de culto semelhante ao que, nos anos mais recentes, só Sete Palmos de Terra soube criar. Tanto que, como essa magnífica saga familiar, Erva (Weeds, no original) soma já a adesão de ícones de referência da melhor cultura pop, tendo nomes como os The Shins, Donovan, Kate & Anna McGarrigle (a mãe e tia dos manos Wainwright), Elvis Costello, Regina Spektor ou os Death Cab For Cutie assinado já versões alternativas do tema do genérico (o clássico Little Boxes, de Malvina Reynolds) para episódios da segunda e terceira épocas de exibição. .
PS. Texto originalmente publicado na revista N
Centremo-nos, contudo, na primeira época, aquela cujos dez episódios acabam de chegar ao DVD entre nós. Criada por Jenji Kohan e estreada em 2005 (assinalando desde logo imediato sucesso nos EUA), “Erva” é mais um olhar pela actual cultura suburbana norte-americana, de resto um dos viveiros mais frequentados pelos contadores de histórias, daí tendo já nascido casos inesquecíveis, entre os quais o notável Beleza Americana, de Sam Mendes.
Estamos em Agrestic (sim, podemos ler “agreste” nas entrelinhas), na Califórnia. No centro da acção mora uma família de classe média. O pai morreu recentemente de fulminante ataque cardíaco quando fazia jogging com o filho mais novo. A mãe, professora, e viúva, é a actual única responsável pela gestão de uma grande vivenda, dois filhos, uma empregada mexicana e um cunhado inútil que ali se instalou, feito lapa. Para manter o nível de vida começa a vender marijuana. A início, quase ingenuamente, entre colegas e amigos. Aos poucos construindo as bases de um pequeno negócio alternativo... “Não sou uma dealer... Sou uma mãe que, por acaso, distribui produto ilegal”, explica sempre que confrontada com a sua verdadeira fonte de rendimentos... Juntamente com a família Botwin conhecemos os seus vizinhos e amigos, entre os quais de destaca Celia, uma mãe de família cuja personalidade conservadora é radicalmente transformada por um cancro no peito que acaba por ver como uma “bênção”, para horror da sua mãe, fiel presença nas excursões da igreja do seu bairro. Igualmente forte é a contribuição da família negra que fornece a marijuana à protagonista.
O que, num primeiro episódio, pode parecer uma composição esteticamente requintada de estereótipos de subúrbio rapidamente evolui no sentido de nos apresentar, gradualmente, o aprofundar de cada personagem, das suas relações e contexto. De resto, a grande força de Erva reside na forma como destas fortíssimas personagens nascem situações, frequentemente caricatas, hilariantes, que fazem de cada episódio um irresistível cocktail de comédia inteligente e drama. “Erva” mostra as verdades por trás do verniz da classe média americana. Sexo, erva e algum rock’n’roll...
Estamos em Agrestic (sim, podemos ler “agreste” nas entrelinhas), na Califórnia. No centro da acção mora uma família de classe média. O pai morreu recentemente de fulminante ataque cardíaco quando fazia jogging com o filho mais novo. A mãe, professora, e viúva, é a actual única responsável pela gestão de uma grande vivenda, dois filhos, uma empregada mexicana e um cunhado inútil que ali se instalou, feito lapa. Para manter o nível de vida começa a vender marijuana. A início, quase ingenuamente, entre colegas e amigos. Aos poucos construindo as bases de um pequeno negócio alternativo... “Não sou uma dealer... Sou uma mãe que, por acaso, distribui produto ilegal”, explica sempre que confrontada com a sua verdadeira fonte de rendimentos... Juntamente com a família Botwin conhecemos os seus vizinhos e amigos, entre os quais de destaca Celia, uma mãe de família cuja personalidade conservadora é radicalmente transformada por um cancro no peito que acaba por ver como uma “bênção”, para horror da sua mãe, fiel presença nas excursões da igreja do seu bairro. Igualmente forte é a contribuição da família negra que fornece a marijuana à protagonista.
O que, num primeiro episódio, pode parecer uma composição esteticamente requintada de estereótipos de subúrbio rapidamente evolui no sentido de nos apresentar, gradualmente, o aprofundar de cada personagem, das suas relações e contexto. De resto, a grande força de Erva reside na forma como destas fortíssimas personagens nascem situações, frequentemente caricatas, hilariantes, que fazem de cada episódio um irresistível cocktail de comédia inteligente e drama. “Erva” mostra as verdades por trás do verniz da classe média americana. Sexo, erva e algum rock’n’roll...
PS. Texto originalmente publicado na revista N