Os partidários do fado mais tradicional vão gostar deste filme?
Bom... Certas críticas vão ser inevitáveis. Foi o mesmo com o Flamenco, o Sevillanas, o Tango. É normal. Mas essas experiências anteriores acabaram por ser assimiladas.
Bom... Certas críticas vão ser inevitáveis. Foi o mesmo com o Flamenco, o Sevillanas, o Tango. É normal. Mas essas experiências anteriores acabaram por ser assimiladas.
Quando o projecto procurou financiamento, a polémica rebentou na Câmara de Lisboa. Como reagiu a essa questão?
Só sei que este filme vai ser visto em todo o mundo. E vai ser uma publicidade enorme ao fado, e também a Portugal. É como uma embaixada. Aconteceu o mesmo com o Flamenco. Faz sentido que se façam filmes como este para mostrar a música que se faz em Portugal ou em Espanha.
Vê, então, o filme como um possível cartão de apresentação do fado a novos públicos?
É possível, não sei. Com o Flamenco muita gente que não gostava dessa música rendeu-se.
O filme fala das origens do fado. Mas não usa palavras para o fazer...
E tenta abrir mais o próprio fado.
Traz o fado ao século XXI?
Podemos dizer isso com o Foi Na Travessa da Palha, cantado pela Lila Downs. Era uma canção antes cantada pela mãe do Carlos do Carmo. A versão da Lucília do Carmo é das coisas mais belas que já ouvi. Emociona-me. Depois a Lila Downs dá-lhe uma leitura mais actual, moderna, com um som distinto. Gosto deste tipo de processos.
Diz-se que este é o final de uma trilogia. Será mesmo o final?
Não sei... Nem acho que seja uma trilogia, porque, além do Flamenco e do Tango, também fiz o Sevillanas e o Ibéria. Isso da trilogia foi alguém que inventou! Nunca usei esse argumento. Falo apenas de filmes musicais. E são já cinco.
Como classifica estes filmes. Chama-lhes documentários?
Não sei que palavra usar como classificação de género... São musicais...
Tira muitas fotografias durante as rodagens. Poderá, um dia, transformar estas imagens e histórias num livro?
Sim, seria uma boa ideia.
Como foram as primeiras reacções internacionais ao filme?
Fados foi mostrado em estreia em Toronto. E quando o filme acabou houve aplausos durante dez minutos. Foi um momento muito emocionante. O fado é uma música de Portugal e estava ali a encantar os canadianos. E havia também alguns portugueses na plateia.
Como reagiu às reacções de entusiasmo depois da estreia em Toronto?
Estou muito feliz com a recepção. O filme vai agora seguir para outros festivais, mas não devo poder ir porque tenho uma ópera [uma Carmen, de Bizet] para montar em Valencia. O filme vai a Roma, ao Rio de Janeiro, à Coreia do Sul... É uma loucura!
Sente-se mais português depois de concluído este projecto?
Sempre me senti um pouco português. Já tinha ido muitas vezes a Portugal. Penso que as barreiras históricas que existem entre os dois países se poderiam derrubar com facilidade. É preciso atrevimento.
Como explica que, na música, portugueses e espanhóis vivam de costas voltadas entre si?
Espero, aí, que Fados sirva para nos aproximar mais.