Morreu uma senhora. Deborah Kerr, de origem escocesa, faleceu em Inglaterra aos 86 anos de idade. Símbolo exemplar do grande cinema inglês de estúdio nos anos 40 — participou, por exemplo, em A Vida do Coronel Blimp (1943) e Quando Os Sinos Dobram (1947), ambos da dupla Michael Powell/Emeric Pressburger —, teve depois uma carreira de sucesso em Hollywood. Foi uma estrela discreta, por assim dizer prolongando nos filmes o discreto glamour da sua pose. Com Meu Filho Eduardo (1949), de George Cukor, teve a sua primeira nomeação para o Oscar de melhor actriz; foi nomeada mais cinco vezes, a última das quais com Vidas Errantes (1960), de Fred Zinnemann — num ganhou, mas em 1994 a Academia de Hollywood atribuíu-lhe um prémio honorário, reconhecendo-a como uma actriz que sempre procurou "perfeição, disciplina e elegância". O filme mais emblemático da sua condição de grande dama romântica será, talvez, An Affair to Remember/O Grande Amor da Minha (1957), onde, sob a direcção de Leo McCarey, formava um par inesquecível com Cary Grant.