N.G.: A lad insane... Ou Aladdin Sane... Basta jogar com as mesmas letras em arranjos diferentes, mas a ideia é a mesma. Em 1973 um alienígena que chegara à Terra para ser estrela de rock'n'roll cede o seu lugar mediático a um ser atormentado pela rapidez do ritmo da vida urbana dos nossos dias. Aladdin Sane. Ou, outra vez, "a lad insane", mergulho neurótico maior anunciado mais tarde, em 1974, em Diamond Dogs, uma distopia de inspiração Orwelliana... Apenas um episódio numa história que este ano se tornou numa espécie de refrão regular, semana após semana, na vida do Sound + Vision... Pois é verdade, no título de uma canção de 1977 morava já o conceito que desde Setembro de 2005 ganhou expressão online. Só ele mesmo, Bowie, poderia ser a primeira figura a merecer honras de destaque para um ano de memórias e reflexões por estes lados... Mas a partir de Janeiro, uma dama tomar-lhe-á, aqui, esse lugar...
J.L.: Esta é uma das imagens mais inteligentes dos últimos tempos. Obviamente, os vícios mediáticos tendem a reduzi-la a uma "provocação", como se a cruz não fosse um signo constantemente apropriado pelas mais diversas formas de expressão e comunicação. Acontece que Madonna, na sua "Confessions Tour", limitou-se a prolongar uma reflexão que, em boa verdade, faz parte do seu labor há mais de vinte anos. Ou seja: cruzar o discurso pessoal com as imagens (e os valores) herdados da tradição — uma católica exprime-se com a herança que recebeu. Ser moderno com as "modernices" reinantes é fácil. Ser moderno sem renegar a tradição é um nobre desafio, íntimo e público.