Ainda não estou em mim... A sério. Sem ironia. Ontem, no Telejornal (RTP1), António Esteves Martins entrou em directo de Londres para comentar o caso da saída de José Mourinho do Chelsea. E eu estava (e estou) muito interessado, garanto! Ora, como se não bastasse o dramatismo pueril com que José Rodrigues dos Santos estava a conduzir as notícias (além do mais, péssimo em termos de pura representação teatral), o repórter começa a dizer uma série de coisas desconexas, contaminadas por sucessivas insinuações, até que a certa altura se lembra de sugerir que os "adeptos" do Chelsea bem sabem que há coisas ocultas por detrás deste afastamento de Mourinho — coisas que têm a ver com a "mafia russa" e os "judeus"...
COMO? Importa-se de repetir?...
Na frase seguinte, António Esteves Martins seguia alegremente, de nenúfar em nenúfar, falando já não se sabe de quê, deixando pelo caminho uma série de primores sobre o modo como não se deve fazer jornalismo — aliás, qualquer semelhança entre este medíocre vaudeville e jornalismo não chega a ser coincidência, é pura ilusão de óptica.
Como se isto não bastasse, na altura havia já notícias oficiais dizendo que Mourinho e Chelsea tinham estabelecido uma ruptura por "mútuo acordo". Que é que isso interessa, afinal? Temos um repórter com o Big Ben em fundo que sabe tudo sobre os bastidores do crime. E também, ao que parece, sobre os judeus. Uma apresentação de desculpas formais sobre este episódio seria, a meu ver, algo que só dignificaria a RTP, valorizando a seriedade da sua postura pública e o respeito pela pluralidade dos espectadores.