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Com a evolução tecnológica, é muito provável que essa relação entre cinema e jogos de video venha a produzir coisas fascinantes. Para já, no entanto, aquilo que existe está bem expresso neste Ultimato e resume-se a uma lógica rudimentar e infinitamente monótona: este é, afinal, um cinema que julga que a intensidade emocional nasce da mera agitação física da câmara e da curtíssima duração dos planos. Na prática, Paul Greengrass perde por completo o controlo do tempo (ou melhor, da duração) do seu filme e, em última instância, não tem qualquer noção minimamente consistente do espaço. A ordem narrativa é arbitrária.
Com alguma involuntária ironia, tem-se perguntado até que ponto Bourne poderá ser o “novo” James Bond. É uma questão com evidentes motivações comerciais, mas quase caricata. Mesmo com muitos altos e baixos, 007 sempre decorreu de um sentido de espectáculo coerente e, afinal, ligado a uma sofisticação cénica eminentemente clássica. “My name is Bourne, Jason Bourne” soa muito mal.
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PS - Bela foto, a que em cima se publica, não é? De facto, este é um tipo de cinema guiado por uma lógica de look imediato (e imediatista), capaz de gerar imagens de impacto instantâneo e autónomo, segundo um modelo eminentemente publicitário. O pior é o resto. Ou seja: a ausência de densidade dramática e o completo menosprezo pelo trabalho dramatúrgico.