"Find Madeleine's body and prove we killed her":
McCanns' challenge to police
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Sejam inocentes ou culpados, parece difícil admitir que os McCann emitissem desafio tão arrogante e que, em qualquer caso, facilmente se vira contra elas. Para além da possível ou impossível identificação do primeiro emissor da frase, ela encerra contradições insustentáveis:
1) Porque é que a descoberta do corpo de Madeleine implicaria a possibilidade de provar o (suposto) crime dos McCann? Ou seja, isso pode servir exactamente para a formulação contrária: "Encontrem o corpo de Madeleine e provem que nós não a matámos".
2) Porque é que se supõe que encontrar o corpo de Madeleine é obrigatório para provar que alguém a matou? Teoricamente, é muitas vezes possível provar um crime de homicídio sem corpo. Aliás, mais exactamente (e paradoxalmente): a existência de um corpo não arrasta obrigatoriamente a certeza de que houve crime.
3) Porque é que o desafio inverte a afirmação da (suposta) verdade dos arguidos? A alternativa seria uma afirmação seguida de um apelo: "Nós não a matámos. É preciso encontrar o corpo de Madeleine".
O que fica como mais espantoso — e revelador do mundo de falsa transparência que nos é servido por muita comunicação social — é o facto deste tipo de oximóron se ter tornado uma espécie de linguagem universal do planeta mediático. Universal e (supostamente) inquestionável.