Um dos efeitos mais perversos do mundo mediático, saturado de imagens, em que vivemos é o seu funcionamento viral — tudo se pode aproximar, tudo pode coexistir; no limite, todas as imagens se podem contaminar (mesmo quando não sabemos estabelecer o diagnóstico desse processo).
Por exemplo, uma notícia no site da SkyNews sobre o facto de o casal McCann ter garantido os serviços de Michael Caplan que, em 1999, trabalhou como advogado do ditador chileno Augusto Pinochet (1915-2006). Para ilustrar a notícia, a Sky publica esta foto dos McCann, com a legenda: "McCanns seeking legal advice".
Por exemplo, uma notícia no site da SkyNews sobre o facto de o casal McCann ter garantido os serviços de Michael Caplan que, em 1999, trabalhou como advogado do ditador chileno Augusto Pinochet (1915-2006). Para ilustrar a notícia, a Sky publica esta foto dos McCann, com a legenda: "McCanns seeking legal advice".
Aparentemente, a "outra" imagem lógica para a notícia seria a de Michael Caplan. Mas não: por um bizarro processo de contágio informativo, a segunda foto (aliás, primeira na paginação) é esta, de Pinochet, com uma legenda meramente identificativa: "Augusto Pinochet".
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Estranho mundo este em que as imagens se banalizam através da sua própria exposição. Como se vivêssemos empurrados para uma histeria interminável, de onde não é possível sair.
11 de Setembro de 1973, Santiago do Chile, Palacio de la Moneda:
morre Salvador Allende, sucedendo-lhe Augusto Pinochet