terça-feira, setembro 04, 2007

Iconografia(s)

"Ela não tinha uma personalidade muito carismática. Era impossível adivinhar que iria transformar-se numa pop star mundialmente famosa. É por isso que, para muitos de nós, foi uma surpresa ela tornar-se tão grande. Lembro-me de ir a uma loja e ver o seu rosto num álbum: 'Meu Deus, é ela. Não acredito!' Ficámos todos em estado de choque. Como é que ela tinha chegado ali?" — são palavras de Wyn Cooper, actualmente um poeta a viver em Vermont; no começo dos anos 70, num liceu de Rochester (Michigan), foi namorado de Madonna. Lucy O'Brien utiliza as suas palavras para abrir um artigo de evocação dos primeiros anos de Madonna, publicado na revista da edição de domingo do londrino The Independent [páginas de abertura aqui reproduzidas].
Dos primeiros discos ouvidos nas cassetes do carro de Cooper (com destaque para Ziggy Stardust and the Spiders from Mars) até à descoberta dos 45 rotações da Motown e às primeiras aulas de dança, já em Nova Iorque, O'Brien traça o retrato de uma lutadora a quem, de facto, a fama não sorriu automaticamente — alguém que, apesar das fortes referências femininas inspiradoras (incluindo Debbie Harry e Chrissie Hynde), experimentou as resistências de um meio dominado por figuras masculinas.
O'Brien sabe do que fala. Afinal de contas, ela passou os últimos três anos a investigar a vida de Madonna, falando com a própria e também com muitas pessoas, conhecidas ou anónimas, que por uma ou outra razão com ela se cruzaram. O resultado é o livro Like an Icon (Bantam Press) que se apresenta como "a biografia definitiva" de Madonna. A autora falou recentemente do seu trabalho, na BBC, no programa Steve Wright in the Afternoon.