Há sete anos, Sérgio Godinho apresentava no álbum Lupa uma canção que, na essência, traduz o que podemos ver o filme The Bubble, de Eytan Fox, que hoje é exibido pelas 22.00 na Sala 1 do Cinema São Jorge, na secção competitiva do festival Queer Lisboa. Dizia a canção (de título Dancemos no Mundo): Seperam-nos cordas / separam-nos creedos / e creio que medos / e creio que leis. Mais à frente: Separam-nos facas / separam-nos fatwas / pai-nossos e datas / e excomunhões / acondicionando paíxões. The Bubble fala precisamente disto. De um amor dividido e talvez "proíbido" aos olhares de alguns dos que envolvem os dois protagonistas. São eles um israelita e um palestiniano. Cada um vivendo do "seu" lado de um conflito que faz as notícas todos os dias. Um conflito que, à partida, habita apenas fora das vidas interiores de Noam e Ashraf, mas que não deixa de conhecer barreiras, das sugeridas pela colisão de ideais e crenças à própria não aceitação da realidade desta paixão por familiares e por uma cultura que rejeita o que une estes dois homens. Um filme poderoso que, como o recente Paradise Now, de Hany Abu-Assad, mostra um olhar de perto, e na dimensão pessoal, do conflito que arormenta aquela região do globo.