Depois de uma introdução, ao longo dos próximos dias aqui apresentaremos uma galeria de alguns dos escritores mais representativos do género.
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Philip K Dick
(1928-1982)
Um dos mais lidos autores de ficção-científica (com grande parte da sua obra traduzida entre nós), Philip K. Dick é também um dos nomes deste género literário mais desejados pelo mundo do cinema, sete dos seus contos ou romances já transformados em filme, entre eles o célebre Blade Runner – Perigo Iminente de Ridley Scott (baseado no conto Do Androids Dream Of Electric Sheep, livro publicado entre nós sob o título do filme) ou o mais recente A Scanner Darkly (sobre o romance com o mesmo título), de Richard Linklater, recentemente editado em DVD entre nós.
Philip Kindred Dick nasceu a 16 de Dezembro de 1928 em Chicago (Illinois, EUA), mas cresceu e viveu sobretudo na Califórnia. Deixou os estudos universitários a meio e trabalhou numa loja de discos antes de começar a ganhar a vida vendendo histórias escritas por si. O interesse pela ficção-científica levou-o a corresponder-se com alguns especialistas em ciência e tecnologia, um dos quais russo, o que lhe valeu ser alvo de investigação pelo FBI em finais dos anos 50.
Califórnia é cenário recorrente em muitas das histórias de uma obra que antecipou temáticas e visões mais tarde comuns em terreno cyberpunk, debatendo quase todos os seus primeiros textos temáticas de foro sociológico e político, assuntos numa fase tardia trocados pelo protagonismo da teologia e de estados provocados pelo consumo de drogas, aqui reflectindo sobre experiências pessoais (como se lê em O Homem Duplo, título português de A Scanner Darkly, ou Valis). A ideia de mundos paralelos ou realidades alternativas é também presença frequente em alguns textos. De resto, um dos seus mais importantes romances, The Man In The High Castle (entre nós publicado como O Homem do Castelo Alto), estabeleceu ligações entre a noção de realidade alternativa e o mundo da ficção científica. Em alguns livros chega a socorrer-se de dispositivos surrealistas para sugerir vidas em mundos de ilusão. As temáticas da doença mental, sobretudo a esquizofrenia (de que defendia padecer) dominam a etapa final da sua obra, escrita num tempo de progressiva manifestação de comportamentos paranóides. Um retrato complexo da sua mente e vida intelectual pode ler-se na excelente biografia de Emanuel Carrére, I Am Alive And You Are Dead: A Journey In The Mind of Philip K. Dick.
Alguns títulos fundamentais
1962. O Homem do Castelo Alto (Livros do Brasil, 1993)
1968. Blade Runner – Perigo Iminente (Europa América, 1982)
1969. Ubik: Entre dois Mundos (Editorial Presença, 2003)
1977. O Homem Duplo (Livros do Brasil, 1983)
1980. O Mistério de Valis (Livros do Brasil, 1981)