segunda-feira, agosto 06, 2007

Para redescobrir a ficção científica (8)

Depois de uma introdução, ao longo dos próximos dias aqui apresentaremos uma galeria de alguns dos escritores mais representativos do género.
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Júlio Verne
(1828-1905)

Um dos pioneiros da ficção científica, nasceu em Nantes (França) a 8 de Fevereiro de 1828 numa família de classe média (o pai era advogado). Alguns biógrafos seus afirmam que um dos seus professores terá sido Brutus de Villeroi, que mais tarde seria o responsável pelo primeiro submarino da armada americana, e que a sua sede por aventura começou, antes da escrita, numa viagem de barco rumo à Ásia às escondidas do pai, interrompida no primeiro porto, o velho Pierre Verne, pai, à espera do filho no cais.
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Aos 20 anos mudou-se para Paris, onde começou a escrever libretos para operetas e histórias de viagens fantásticas para o Musée des Familles (aqui descobrindo a sua verdadeira vocação). Quando o pai descobriu que o filho não estava a assistir às aulas de direito, retirou-lhe o apoio financeiro, obrigando o futuro escritor a viver como corrector na bolsa. A sua vida financeira melhorou quando conheceu o editor Pierre-Jules Hetzel, com quem encetou uma relação de trabalho que duraria até à morte deste último. Hetzel, que publicou em 1963 o histórico romance de Verne, Cinco Semanas em Balão (em texto reescrito depois de sistematicamente rejeitado por outros editores), comentava e sugeria alterações aos romances, pedindo ao sombrio Verne visões mais luminosas, finais felizes e travão nas ideias políticas (evidentes contudo em alguns livros mudanças na relação com a Alemanha depois da guerra Franco-Prussiana e imagens pouco entusiasmadas do império britânico). Verne falou de submarinos e de viagens no espaço antes de inventadas, muitos dos seus textos publicados numa série com o título Les Voyages Extraordinaires. E um romance seu (Paris Dans Le XXme Siècle, de 1863), imaginava uma vida futura numa cidade de arranha-céus de vidro, comboios de alta velocidade, automóveis, calculadoras e uma rede mundial de comunicações. O livro falava contudo da infelicidade que atormentava o protagonista e do seu fim trágico, num mundo de tão futurista tecnologia, pelo que foi recusado pelo editor, aconselhando este o autor a esperar 20 anos antes de o lançar… Fechado num cofre, o livro foi apenas descoberto em 1989, e editado em 1994.


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Alguns livros fundamentais:
1863. Paris no Século XX (Bertrand, 1995)
1864. Viagem Ao Centro da Terra (Europa América, 1999)
1865. Da Terra À Lua (Porto Editora, 1987)
1870. 20.000 Léguas Submarinas (Europa América, 1999)
1875. A Ilha Misteriosa (Verbo, 1996)