segunda-feira, julho 30, 2007

Para reencontrar a ficção científica (4)

Depois de uma introdução, ao longo dos próximos dias aqui apresentaremos uma galeria de alguns dos escritores mais representativos do género.
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HG Wells
(1866-1946)


Autor prolixo, com obras publicadas em variados géneros, da ficção ao ensaio era um socialista, retratando algumas das suas obras reflexões de índole política ou social. Filho de um jardineiro, mais tarde lojista, e de uma antiga empregada doméstica, Herbert George Wells nasceu em Bromley (Kent, Reino Unido), a 21 de Setembro de 1866 e trabalhou numa loja de fazendas e foi professor antes de conseguir viver essencialmente da escrita.

O seu primeiro best seller publicado aos 35 anos foi Anticptaions (1901), um dos seus mais visionários textos narrando um mundo no qual carros e comboios levam as populações a sair do centro das cidades para habitar em subúrbios. Datam precisamente desses dias de início de século os romances que fizeram de si um importantíssimo pioneiro da literatura de ficção científica. Wells chamou então “scientific romances” a alguns dos títulos que então publicou, entre os quais A Guerra dos Mundos, First Men In the Moon, O Homem Invisível ou A Máquina do Tempo, todos eles adaptados por diversas vezes ao cinema, este último não mais que um dispositivo narrativo para os seus comentários sobre modelos de vida social e política. A afirmação da sua identidade literária não o fechou unicamente neste género. Todavia, um dos seus mais importantes romances tardios, Coisas que Hão-de Vir, no original The Shape Of Things To Come (mais tarde transformado em magnífico filme por William Cameron Menzies), reflecte um reencontro com as temáticas da antecipação científica, numa utopia sobre um mundo no qual os homens de ciência tomaram o poder. De resto, a ideia de um “estado-mundo” no qual o voto seria confinado a cientistas, organizadores, engenheiros e notáveis dignos de mérito era uma das suas mais profundas causas ideológicas. Wells, que chegou a concorrer em listas trabalhistas, todavia sem grande fé no partido, apresentava-se como socialista, mas de ideias frequentemente em confronto com os paradigmas do socialismo do seu tempo (o que não impediu as SS de ter o seu nome entre os intelectuais a abater na sequência de uma invasão de Inglaterra). O seu “estado-mundo” não era uma democracia, grande que era o seu receio de que o cidadão comum não estivesse preparado para decidir sobre os destinos do mundo.


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Alguns livros fundamentais:
1895.
A Máquina do Tempo (Europa América, 1992)
1896. A Ilha do Dr Moreau (Europa América, 1989)
1897. O Homem Invisível (Século XXI, 2000)
1898. A Guerra dos Mundos (Ulisseia, 2002)
1933. Coisas que Hão-de Vir… A Vida Futura (Imprensa Beleza *, 1936)