
1972 — Tatum O'Neal e o seu pai, Ryan O'Neal, protagonizam um dos mais belos (e mais esquecidos) títulos da filmografia de Peter Bogdanovich:
Lua de Papel/Paper Moon. A direcção fotográfica, num admirável preto e branco reminiscente dos tempos mais primitivos do cinematógrafo, tem assinatura de
Laszlo Kovacs,
cinematographer de origem húngara — nascido a 14 de Maio de 1933, Kovacs faleceu no passado domingo, dia 22.
Companheiro de outro exilado húngaro, Vilmos Zsigmond (n. 1930), Kovacs foi um mestre na revalorização das fontes naturais de luz, tendo o seu nome associado a alguns filmes emblemáticos das transformações por que passou o cinema americano ao longo da década de 60, nomeadamente
Targets (1967), também de Bogdanovich (com quem

colaborou, ao todo, em cinco longas-metragens),
Aquele Dia Frio no Parque (1968), de Robert Altman, e ainda
Easy Rider (1969), de Dennis Hopper, filme de culto, decisivo para a sua afirmação profissional. Assinou ainda as imagens de títulos como
Shampoo (1974), de Hal Ashby,
New York, New York (1976), de Martin Scorsese, e
A Rosa (1978), de Mark Rydell; os seus últimos trabalhos foram
Miss Detective (2000), de Donald Petrie,
Amor Sem Aviso (2002), de Mark Lawrence, e
Torn from the Flag (2006), de Endre Hules e Klaudia Kovacs (este último um documentário sobre as convulsões políticas na Hungria, em 1956, que Kovacs filmou com Zsigmond e na sequência das quais emigrou para os EUA). Membro da
American Society of Cinematographers, Kovacs recebeu o respectivo prémio de carreira em 2002. Insolitamente, nos Oscars, não só nunca ganhou, como nem sequer obteve uma única nomeação pelos mais de 50 filmes que fotografou.