domingo, junho 10, 2007

Silje Nergaard: a serena maturidade

No panorama das cantoras de jazz, a norueguesa Silje Nergaard ocupa um lugar de prestígio, mas também de serena contenção. Provavelmente, a sua integração das marcas de uma certa ligeireza pop confere-lhe uma insuperável ambiguidade — é difícil inseri-la numa categoria estável, já que, em boa verdade, o fascínio da sua música provém também da fuga a qualquer categoria estrita e pré-determinada (no seu currículo inclui-se, por exemplo, uma versão de This Is Not America, de David Bowie).
Se dúvidas houvesse, o seu novo registo discográfico — Darkness Out of Blue — aí está para confirmar a plena maturidade. É o primeiro álbum em três anos, já que Nightwatch surgiu em 2004 (dois anos depois do belíssimo At First Light, precisamente o que mais fez pela sua projecção internacional). São doze canções de um lirismo seco e depurado, sempre com música da própria intérprete e letras de Mike McGurk — num caso, Who Goes There, com a colaboração do brasileiro Marcio Faraco (que também canta nessa faixa). Precisamente de Who Goes There, são estes versos de abertura:

Words yet unspoken
Some promise unbroken
These are the tokens I cling to


Vale a pena recordar o tema I Don't Want to See You Cry, do álbum Nightwatch.