
Quem volta também a propor um trabalho eminentemente pessoal é a actriz Valeria Bruni Tedeschi (que se estreou na realização, em 2003, com É Mais Fácil um Camelo…). Desta vez, ela filma actores e actrizes no turbilhão do seu trabalho, por assim dizer divididos entre o “teatro” e a “vida”. O filme [na foto] chama-se Actrices, o que é, talvez, uma descrição algo parcelar da matéria humana que o habita. Mas… porque não? Afinal de contas, no centro de tudo está a fascinante personagem de Marcelline (a própria Valeria), uma actriz com uma vocação trágica que perpassa nas suas composições, mas que se transfere, por vezes de modo selvagem, para o espaço da sua intimidade. Mathieu Amalric e Chiara Mastroianni são alguns dos cúmplices desta aventura entre teatro e cinema.
Um registo importante: o filme israelita na competição - Tehilim, de Raphaël Nadjari - pode ser uma pedagógica porta de entrada no imaginário familiar e religioso de Israel, através da história de uma família dilacerada pelo insólito desaparecimento do seu chefe. É, por isso, um objecto que cumpre uma preciosa função: a de nos confrontar com aquilo (e aqueles) que não conhecemos, sobretudo arrancando-os à ditadura do cliché televisivo.