Este ano, em Cannes, a Quinzena dos Realizadores tem um cartaz que implicitamente celebra o trabalho cinematográfico — e, mais do que isso, o trabalho em contacto directo com um cenário natural, transparente, porventura cru nas dificuldades que impõe. É um pormenor, claro. Mas é um pormenor que se recusa a integrar as visões mais ou menos "líricas" do cinema, preferindo escolher a dimensão viva das imagens e daqueles que as produzem. Afinal de contas, isto é mesmo uma festa do cinema (que não exclui o glamour, muito pelo contrário), não uma parada de ociosos a debitar banalidades pomposas sobre coisa nenhuma...
O Festival comeca amanhã, mas a Quinzena, como é tradição, apenas abre 24 horas mais tarde. E com um dos títulos mais aguardados deste ano. Ou seja: Control, uma revisitação da vida e morte de Ian Curtis, dos Joy Division, por um nome que conhecemos bem do mundo da fotografia: o veterano Anton Corbijn. Ironicamente, a sua condição de "principiante" faz com que Control concorra para a "Câmara de Ouro", isto é, o prémio para a melhor primeira obra de todas as secções de Cannes.