Nasceu na Bélgica há cem anos. Georges Prosper Remi (1907-1983), mundialmente conhecido como Hergé (nome que não mais é que o enunciar, em sentido inverso, das suas primeira e última iniciais) ou, por muitos mais, como o criador de Tintin. A Bélgica celebra-o com selos, edições, um museu. Steven Spielberg e Peter Jackson anunciaram, recentemente, a realização de dois de três filmes que transportarão Tintin para o cinema. É bem verdade que não são precisas evocações ou efemérides para regressar a Hergé, sobretudo aos soberbos álbuns Tintin, personagem que nasceu em 1929 (nas páginas da revista belga Le Vingtième Siècle), com vida interrompida em 1983 pela morte do criador (que deixou incompleto um álbum). Tintin é um dos mais consistentes heróis do século XX e os seus álbuns, um reflexo do seu tempo, traduzindo ecos de grandes acontecimentos da história (a revolução bolchevique, a segunda guerra mundial, a guerra fria), outras vezes antecipando-os (o jovem repórter foi à Lua 15 anos antes de Neil Armstrong!). Com um humor muito pessoal, comentando o presente com um sarcasmo que projecta tanto nas narrativas como em algumas personagens, Hergé foi um dos mais aclamados autores do século XX. Ao longo dos próximos meses, por aqui fica a promessa de releitura comentada de alguns dos mais inesquecíveis álbuns de Hergé.