terça-feira, abril 03, 2007

Artes do palco

Ano Bowie – 40
‘Stage’ – Álbum ao vivo, 1978



Descontente com os resultados do seu primeiro álbum ao vivo (David Live, de 1974), Bowie desafiou Tony Visconti a comandar as operações de registo de um novo disco, desejado como documento da Stage Tour que, depois das edições de Low e Heroes (em 1977) mostrava um novo som e atitude em palco. Uma das primeiras opções de Visconti foi o exigir de um refrear da intensidade rítmica de algumas versões de palco, aproximando-se mais do que havia registado em estúdio. Depois, com a presença diária do estúdio móvel da RCA no exterior de cada sala que acolhia novo concerto, decretou um conjunto de especificações técnicas (na mesa de mistura, na disposição dos microfones) que lhe permitissem misturar som de vários concertos sem que grandes diferenças entre os registos se notasse. Esta opção permitiu à mistura final usar, na hora de eventuais overdubs, gravações de outros concertos e não o mais habitual recurso a discretas novas sessões de estúdio... A fidelidade do documento foi apenas afectada por uma sugestão de Visconti, aceite por Bowie, que concentrou na primeira parte do disco (duplo na versão original, em vinil) as canções “clássicas”, sobretudo uma colecção, com nova roupagem, de temas dos dias de Ziggy Stardust, deixando as mais recentes propostas de Low e Heroes na recta final do alinhamento. Esta opção, naturalmente discutível, foi felizmente repensada em 2005 quando, ao reeditar em CD este clássico registo ao vivo, o alinhamento original da Stage Tour foi, novamente, retomado. Este é talvez o mais interessante dos (poucos) discos ao vivo de Bowie, propondo, entre 20 temas, aquela que muitos admiradores de Bowie consideram ser a versão definitiva do magistral Station To Station.