Há quase vinte anos — mais precisa-mente, na edição de 3 de Julho de 1978, a propósito da estreia de O Céu Pode Esperar —, a revista Time apelidava Warren Beatty de Mister Hollywood. A razão próxima era a estreia desse filme em que Beatty era protagonista, produtor, co-argumen-tista (com Elaine May) e co-realizador (com Buck Henry). O certo é que tal epíteto celebrava toda uma carreira fulgurante, marcada por momentos genuinamente excepcionais. Por exemplo: a estreia no cinema, contracenando com Natalie Wood, nesse sublime retrato do amor que é Esplendor na Relva (1961), de Elia Kazan, e ainda a sua contribuição decisiva em Bonnie e Clyde (1967), de Arthur Penn, uma vez que, para além da sua condição de intérprete, Beatty assumiu perante a Warner Bros. a responsabilidade de produtor, desse modo viabilizando um projecto que já tinha sido recusado por quase todos os grandes estúdios de Hollywood.
Este verdadeiro "Sir" Hollywood nasceu a 30 de Março de 1937, portanto completando hoje 70 anos. No merecido "parabéns a você", vale a pena lembrar que, para além de uma carreira em que encarna o melhor da tradição do Actors Studio, Beatty tem uma filmografia escassa como realizador (apenas mais três títulos), mas de rara fulgurância criativa:
— Reds (1981): um espantoso épico sobre John Reed, reencarnação perfeita da nobre tradição liberal de Hollywood — com um elenco admirável que inclui, entre outros, Diane Keaton, Jack Nicholson e Maureen Stapleton;
— Dick Tracy (1990): uma das mais brilhantes transposições da BD para o ecrã de cinema, com decisiva contribuição do director de fotografia Vittorio Storaro — é, talvez, o filme em que a persona musical de Madonna encontra (na personagem quase pícara de "Breathless Mahoney") um mais directo e depurado sucedâneo cinematográfico;
— Bulworth (1998): obra-prima quase esquecida que, a partir da personagem de um senador norte-americano, consegue a proeza de desmontar as muitas relações, conjunturais e perversas, da cena política com o espaço específico dos media — é o primeiro papel realmente significativo de Halle Berry.
Além do mais, Warren Beatty está, ao lado de Jean Seberg, no mais belo melodrama do mundo: Lilith (1964), de Robert Rossen.
Este verdadeiro "Sir" Hollywood nasceu a 30 de Março de 1937, portanto completando hoje 70 anos. No merecido "parabéns a você", vale a pena lembrar que, para além de uma carreira em que encarna o melhor da tradição do Actors Studio, Beatty tem uma filmografia escassa como realizador (apenas mais três títulos), mas de rara fulgurância criativa:
— Reds (1981): um espantoso épico sobre John Reed, reencarnação perfeita da nobre tradição liberal de Hollywood — com um elenco admirável que inclui, entre outros, Diane Keaton, Jack Nicholson e Maureen Stapleton;
— Dick Tracy (1990): uma das mais brilhantes transposições da BD para o ecrã de cinema, com decisiva contribuição do director de fotografia Vittorio Storaro — é, talvez, o filme em que a persona musical de Madonna encontra (na personagem quase pícara de "Breathless Mahoney") um mais directo e depurado sucedâneo cinematográfico;
— Bulworth (1998): obra-prima quase esquecida que, a partir da personagem de um senador norte-americano, consegue a proeza de desmontar as muitas relações, conjunturais e perversas, da cena política com o espaço específico dos media — é o primeiro papel realmente significativo de Halle Berry.
Além do mais, Warren Beatty está, ao lado de Jean Seberg, no mais belo melodrama do mundo: Lilith (1964), de Robert Rossen.